“Manual de como amar errado (2022)” de Wiu, rapper cearense de 19 anos, é um retrato dos amores fluidos da geração z com muito trap, boom bap, reggaeton. O álbum passa por diversos gêneros e subgêneros na tentativa de retratar a confusão que é amar contemporaneamente.
“Esse disco do Wiu é uma viagem musical para quem quer de fato ouvir a história do último romântico, se perder na vibe e ir muito além de um só gênero musical, é o disco perfeito. A arte de criar algo totalmente inovador nem mesmo a gente sabia que precisava @hotwiu30 ❤️” Matuê via Twitter.
Vinicius William Sales de Lima, é o nome completo de Wiu, que inicia o álbum com uma “oração”, e por meio dela, busca explicitar as dificuldades da sua caminhada até esse momento. Com apenas 19 anos e mais de meio bilhão de streams acumulados nas plataformas digitais, Wiu busca mostrar que diferente do que os números apresentam, não foi nada fácil chegar até o lançamento do seu primeiro álbum, que sai por meio do selo 30 por um, com distribuição da Sony Music.
O “Manual de como amar errado” começa com ciúmes, e não poderia começar de outro jeito. Com as devidas referências a música de nome homônimo "Ciumenta" de César Menotti e Fabiano, a faixa trata de ciúmes, é óbvio né, mas também um suco de “amores peros”. Se em “Ciumenta” Wiu reclama de uma mina que vive no pé dele, stalkeando e perturbando, no reggaeton “Frio”, o nosso rapper cearense, está no aguardo do inverno para talvez ter uma chance de aquecer a pretendida.
“...Até minha mãe dizia que isso ia dar problema. Era melhor evitar. (Ah)
Tu fez questão de mostrar que ela sempre teve. certa, mas eu não quis escutar (Ah)
Teimosia do seu coração em querer me ter mesmo sabendo que não podia
(Um manual de como amar errado)...” Frio - WIU
Tudo é rápido, intenso e trágico quando somos jovens, principalmente a paixão, como rastilho de pólvora, desejo, tesão, euforia. “Lealdade” é um desenrolo, vamos tentar facilitar, deixar de criar explosões desnecessárias por aí. Se o amor é tão instável, vamos de lealdade. Eu e tu, juntos, no certo e no errado, é mais importante do que o amor, que para Wiu é superestimado, um desabafo de quem tem dificuldade em entender os meandros do amor.
“Avião do céu” é um recado que viajar nas alturas não tira os pés do Wiu do chão. Em “Coração de Gelo” ele tenta destruir o coração de gelo da neném com cara de malvada. Que não quer mais amor e sim dinheiro, algo que Wiu já se conformou, pois se a “nega não quiser tem outra na lista de contato que tem o maior bundão”. Não tem como não pensar em Zygmunt Bauman, e sua teoria da modernidade líquida, do amor líquido, que fala sobre a fragilidade dos relacionamentos em tempos de rápidas mudanças e adaptações.
Já que usamos Bauman para refletir sobre a rapidez e fluidez dos relacionamentos contemporâneos, a faixa “Angelina” é mais um exemplo do amor intenso e momentâneo das novas gerações. Principalmente quando você é um jovem de 19 anos, hypado e milionário. Se para nós, meros mortais, com dívidas e preocupações financeiras, os amores já são incertos e sinuosos. Para aqueles que têm alguns dígitos a mais na conta, tudo é mais descartável e frágil. E talvez, por sermos jovens, não deveríamos nos preocupar tanto assim em amar. Logo, melhor apertar um e relaxar.
"Esquecer pt 2” é sobre esquecer. “Limão” é sobre aproveitar as oportunidades, superar as expectativas e deixar o falador passando mal. E “Brinca demais” fala da bandida, daquela que brinca com nossos corações juvenis.
Manual de como amar errado é um retrato real dos relacionamentos contemporâneos, que são fluidos, intensos, trágicos e frágeis. Não existe manual de como amar, você ama ou não, e só aprende na prática, simples assim, talvez por isso seja tão complicado.