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RB99 – Tumulto: funk sujo, drill de guerra e a vida sem filtro no EP mais cru do ano com Preta Lua e beats de ANTCONSTANTINO, Taleko e Chediak

  • Foto do escritor: Pivete
    Pivete
  • há 3 dias
  • 5 min de leitura
O TUMULTO DE 99RB
O TUMULTO DE 99RB

O corre não espera ninguém.


E O EP Tumulto (2025)  nasce exatamente disso: do corre que não dá trégua, da vida que bate antes de explicar, da mente que fica cheia antes mesmo do café.RB99 não inventa personagem. Ele só respira e fala.


Logo no papo ele avisa:

“Mano, eu não vou saber te responder de maneira exata, mas eu sou a parada, tá ligado? Minha vida é louca e intensa.”

E tá tudo aí. Não tem elaboração. Tem sobrevivência.


Ele vive trampando,

fazendo bico,

correndo atrás de qualquer coisa que mantenha o corpo de pé.


Foto por Bruno Queiroz
Foto por Bruno Queiroz

E quando dá, ele larga o corre e pega o microfone:

 “Ora eu tô fazendo um bico aqui, outro corre ali… ora eu tô com o microfone na mão botando pra foder mesmo, falando as verdades.”

A música não nasce no estúdio.

Nasce no estômago.

A cabeça dele é o próprio tumulto


A faixa Tumulto não é estética. É confissão. 


Ele falou que fez só olhando em volta, absorvendo o barulho mental que já fazia parte dele desde moleque: 

“O tumulto, ele nasce dentro de mim desde quando nasce o Roger… da minha adolescência, da minha vida adulta, do que eu reflito sobre o que eu observo à minha volta.”
Foto por Bruno Queiroz
Foto por Bruno Queiroz

E observa o quê? Tudo o que sobra da rua.


Cena de amigo morto.

Menor que se perdeu no crime.

Corpos incendiados.

Tiro na cabeça.

Gente boa que virou pó antes de saber o que era vida.


Ele não romantiza nada:

 “Eu já vi criança crescer e virar várias coisas. Vi menor que era pureza pra caralho se iludir no crime, botar fogo em corpo, levar tiro na cabeça e morrer com 17 anos. Não conheceu nem a maioridade.”

E isso não vira metáfora.

Vira faixa.

Vira barulho.

Vira o título do EP.


Funk, drill, putaria, guerra - tudo junto porque a rua é assim


RB99 cresceu ouvindo o que tocava no baile, no bar, no vizinho, no celular do amigo, no carro passando.


E ele lembra:

“Eu sempre escutei muito funk… MTG bolada, cabulosa, putaria braba.” “Eu sou mais funkeiro que tudo. No meu ouvido toca mais funk do que rap e grime.”

A referência dele não é gringa, não é hype. 


É baile da Serra, Bar da Lu, Bar do Negão, Novo Arão, Onze.

É funk consciente, proibidão, LC do Martins, WS, Dodô, Romeu.


É esse caldeirão que moldou a cabeça do cara.

Foto por Bruno Queiroz
Foto por Bruno Queiroz

Por isso o EP puxa tudo: funk, drill, grime, miami bass - não por escolha estética, mas porque é o que sobrou dentro dele.


E ele mesmo explica o porquê da agressividade:

 “Nós sabemos que o drill é um bagulho pra chocar. A atmosfera é pra lembrar de assassinato, arrancando pedaço mesmo.”

Mamacita - o único respiro possível


Ele explica no release que queria uma música “pra dançar”,

mas sem ilusão de romantismo.


É aquele pequeno intervalo onde a quebrada respira antes de afundar de novo:

 “Minha juventude foi em baile de rua. Eu queria trazer essa energia.”

A maldade do mundo dá um tempo enquanto o corpo encosta em outro corpo.

Depois volta tudo.


Racista Baleado - sem metaforinha, sem truque linguístico


Quando ele fala de porco, ele faz questão de deixar explícito: 

“Porco é porco guardado. Porco engravatado. Político, polícia… tudo isso tem cor e fogo mesmo. Fogo e bala.”


Então quando chega Racista Baleado, não é provocação da internet.

É acerto de contas com quem mata preto todo dia

É ódio sem filtro, porque o filtro nunca existiu pra ele.

A participação de Preta Lua só aumenta a ferida.


DONDONDON - a rua que não para por ninguém


Ele mesmo define: 

“Trago a visão de um cria do mundo em um funk de bairro.”


A última faixa é exatamente isso: rua pulsando, rindo, correndo, brigando, sobrevivendo.

É aquele caos que não precisa de explicação porque já é autoexplicativo.

Vida, arte e corre no mesmo corpo

Ele repete várias vezes, em vários trechos da entrevista, quase como quem esquece que já falou: 

“Eu nunca enterrei parte nenhuma da minha vida pra fazer o corre artístico.” “O meu corre artístico e minha vida é uma coisa só.”

E dá pra entender:


Ele não separa artista de trabalhador.

Ele só muda o objeto que segura na mão: às vezes é caixa de som, às vezes é sacola de mercado, às vezes é guidão de moto, às vezes é microfone.


Foto por Bruno Queiroz
Foto por Bruno Queiroz

E quando perguntam se falta algo na música, ele surpreende dizendo: 

“Falta eu falar da minha mãe. Eles sempre foram muito fodas. Eu gosto de ser reservado, mas eu amo eles.”

No meio de bala, baile, ódio e sobrevivência, tem afeto escondido.

Tumulto não é obra. É acúmulo.

RB99 não quer inspirar.

Não quer educar.

Não quer apontar caminho.

Não quer soar esperto.


Ele quer tirar o peso do peito antes que o peito feche de vez.


Tumulto é isso:o barulho que sobra quando a vida te espreme até o limite.

É feio.

É duro.

É urgente.

É verdadeiro.


E ele sabe disso: 

“Se minha arte fizer alguém sentir qualquer coisa, já tá ótimo. Porque é descarrego. É cantar com extrema revolta mesmo.”

A produção de Tumulto é tão bruta quanto o próprio RB99.


O EP foi construído por gente da rua, da Leigo, da Baixada: ANTCONSTANTINO, Taleko, Chediak e HRKN. Nada ali é polido demais - é tudo batida feita na correria, com a mesma pressa e sujeira do cotidiano do artista.


RB99 chega com a ideia crua e os parceiros lapidam no limite, sem tirar a essência.

“Eu levo a parada meio bruta… a rapaziada chega pra lapidar.”

Cenografia da Capa por Amanda Machado | Fotografia e Design da capa por Bruno Queiroz
Cenografia da Capa por Amanda Machado | Fotografia e Design da capa por Bruno Queiroz

A única participação é a mais pesada possível: Preta Lua em Racista Baleado. Não é feat pra banner, é afinidade de mundo. Ela entra como faca - engrossa o ódio, atiça o beat e transforma a faixa num ritual de acerto de contas.


Cada track tem um porquê. Mamacita ganha movimento com Taleko, Racista Baleado usa Carmina Burana pra soar guerra, e DONDONDON vem com textura de viela, graças ao trio HRKN + Chediak + ANTCONSTANTINO.


Até a capa - cabeça de porco em chamas - é direta:

protesto explícito contra sistema, policial e político. 


Não tem estética, tem TUMULTO.


Ficha Técnica: 

Produção Musical por ANTCONSTANTINO & Taleko

Pós-produção vocal por Taleko

Mixagem e Masterização por NMS. Instrumentais por Chediak, Balahype, ANTCONSTANTINO, Enigma, Taleko & HRKN

Cenografia da Capa por Amanda Machado

Fotografia e Design da capa por Bruno Queiroz

Assistencia de fotografia por Wander Scheeffer

Produção Executiva por Diogo Queiroz


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