As folhas de Wellerson Cesar
- Sara Kali

 - 3 de set.
 - 2 min de leitura
 
Atualizado: 4 de set.

De certo, cada folha que cai não só carrega impressões genéticas, mas também lembranças. Da terra de onde brotou a semente jaz agora quem serviu à própria respiração, logo a vida daquele ser.

Dessa maneira, servindo novamente à manutenção da vida através da decomposição que gerará o adubo que nutre novas gerações. Nessa metáfora de retomada e familiaridade releio a obra Folhas de Wellerson Cesar, cria de Belford roxo que crescia e amadurecia sob as folhas da amendoeira de seu quintal, enquanto tijolo por tijolo o próprio pai construiu o castelo que abriga e protege toda a família, tal qual o tronco que permite a sustentação da planta.

No mesmo quintal que brincava, também festejava com sua família.

A Coleção folhas carrega gravuras, entrelaces e poesia de momentos e pessoas que marcaram o desenrolar familiar. Dessa vez, além de carregar a memória póstuma do que um dia foi da árvore, carrega também a memoria viva perpetuada pelo afeto do artista à sua família.

Em folhas pintadas e costuradas Wellerson expõe mais do que pinturas envernizadas, trás à luz o amor e respeito por aqueles que contribuíram à construção de sua subjetividade.

Assim como as folhas são essenciais à amendoeira, a família, afeto, arte e memória também são vitais para a produção artística.

Folhas avança para além de tudo isso, é a expressão palpável do processo de realização afetiva da arte em si.

A exposição esteve disponível fisicamente na Galeria Ocupá, no bairro da Gávea no Rio de Janeiro, do dia 28 de Julho ao dia 21 de agosto. Atualmente parte da obra se encontra em registro fotográfico no perfil do Instagram do artista; @wellersoncesar.








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