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A polícia covarde vai matar qualquer um!



A policia covarde vai matar qualquer um !

Hoje, quinta-feira, 8 de fevereiro, um dia antes das ruas do Rio de Janeiro se encherem de foliões para aproveitar mais um final de semana de carnaval, novamente as ruas foram cenário de tragédia. A alguns quilômetros do cartão postal, na extensa Avenida Brasil, a segunda maior do Brasil, um jovem foi brutalmente assassinado à queima-roupa pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, enquanto participava de uma manifestação pelo fim de uma operação que já durava horas, causando transtornos a estudantes, moradores e trabalhadores locais. Por sorte, tudo foi registrado em vídeo, expondo cenas chocantes e revelando um sadismo incompatível com uma corporação destinada à proteção, mas que, infelizmente, parece nascer para oprimir e matar.


O jovem desarmado, que levou uma coronhada sem qualquer motivo, foi atingido por um tiro de fuzil à queima-roupa. Em plena Avenida Brasil, sem qualquer chance de socorro, e tratado como um ser descartável que, aparentemente, merecia morrer simplesmente por pertencer àquele local e lutar por uma trégua no tiroteio. Um direito amparado pela lei, que garante a liberdade de manifestação pacífica, conforme estabelecido na Constituição.



Ao assistir ao vídeo por mais de três vezes, tornou-se evidente que o jovem estava dialogando com o policial, quando, sem justificativa aparente, este se aproximou, desferiu uma coronhada, apontou o fuzil e disparou, deixando o jovem ferido e caído na via pública, enquanto o sangue jorrava. Mesmo diante dos pedidos de socorro, o policial, ciente do que fez, simplesmente se afastou, entrou na viatura e foi embora.



A operação teve início durante a manhã, em meio ao retorno às aulas, que começaram no dia 5 de fevereiro. Vale destacar que a Maré conta com mais de 50 instituições de ensino público, abrangendo desde a educação infantil até o ensino médio. Fica evidente o descaso do governante Cláudio Castro, que, vivendo literalmente na Disney, parece ignorar tais acontecimentos. A prática habitual de invadir favelas durante o horário escolar, sem respeitar mulheres, crianças, idosos e jovens, reflete uma postura policial que considera todos os moradores como criminosos.


Colocam o nome de "Operação Emergencial", mas, na realidade, sua motivação é a proteção do patrimônio, pois foi desencadeada após a polícia receber denúncia de que um caminhão cegonha, transportando 11 carros, teria sido roubado na Avenida Brasil. Mesmo com sua importância e histórico de roubos e violência, essa via ficou fora dos planos da vigilância ostensiva da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que teve início ontem em trechos de vias federais na Região Metropolitana do Rio.




Apenas considerando os registros de disparos de arma de fogo — sem incluir assaltos, arrastões ou outros delitos que não envolvam tiros —, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 184 incidentes na Av. Brasil, entre 5 de julho de 2016 e 5 de outubro de 2023, uma média de dois por mês. Nesse período, as estatísticas de violência deixaram um rastro de 43 mortos e 84 feridos.


Na América Latina, tanto nos períodos de regimes ditatoriais passados quanto na atual democracia, diversos governos recorrem a justificativas morais para apoiar políticas de segurança e repressão voltadas aos chamados "inimigos internos". Liliana Sanjurjo e Gabriel Feltran, em seu artigo "Sobre lutos e lutas: violência de estado, humanidade e morte em dois contextos etnográficos" de 2015, abordam essa lógica de "Guerra às drogas", "guerra ao crime", "guerra contra a subversão" e "guerra ao terror".



Dentro dessa perspectiva de guerra, onde inimigos internos precisam ser eliminados para garantir a segurança nacional, algumas vidas são destacadas, choradas e dignas de luto público, enquanto outras são negligenciadas - e mortas. A estas últimas, a comunidade nacional oferece o silêncio, seja porque são consideradas como os corpos que devem sucumbir em uma "guerra justa" (sendo rotulados como terroristas, delinquentes, subversivos, traficantes ou pertencentes ao crime organizado), ou porque são percebidas como alheias ao sentido de pertencimento a qualquer humanidade comum (sendo tratadas como monstros cujas ações ultrapassam até mesmo os limites do comportamento animal). (Sanjurjo e Feltran, 2015, p.40)


Infelizmente, essas últimas vidas frequentemente são representadas por jovens de periferia, negrous ou não, cujas mortes passam despercebidas pela mídia, sem acesso à justiça, restando apenas a dor dos amigos e familiares como testemunho de sua tragédia. Este é um cenário marcado pela invisibilidade, injustiça e desigualdade que perpetua o ciclo de violência e marginalização.



Hoje, foi esse jovem atingido por um tiro de fuzil à queima-roupa na Maré, uma tragédia que nem as câmeras dos moradores locais apontadas para o policial foram capazes de impedir. Contudo, essas mortes são mais rotineiras do que aparentam. Segundo a ONG Redes da Maré, em um levantamento colaborativo com moradores em 2022, das 27 mortes registradas durante operações policiais, em mais de 20 casos, houve indícios, conforme avaliação da Redes, de execução por parte dos agentes do Estado. Pessoas que já haviam se rendido e estavam desarmadas foram vítimas dessas ações. Além disso, o Instituto Fogo Cruzado revela que mais de mil pessoas morreram em ações policiais, com mais de 3 óbitos nos últimos 7 anos no Rio, evidenciando uma marca cruel dessa polícia que, lamentavelmente, tem o hábito de realizar chacinas, seja por vingança ou por diversão, escoradas na desculpa de que precisam reaver um patrimônio - no caso de hoje, carros de luxo.


A cada dia que passa, concordo mais com Acácio Augusto, que, em seu artigo, explicita o conceito de "periferias como campos de concentração a céu aberto". Torna-se evidente que essa operação, essa violência, é também uma forma de controle sobre corpos negros e periféricos. A cidade está repleta de turistas, gerando bilhões para os cofres públicos, e é claro que os agentes de repressão não permitirão que esses moradores de favela atrapalhem o maior carnaval do mundo.


Afinal, a Cidade é Maravilhosa, não é mesmo? Mas, maravilhosa para quem, e em qual região?


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