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É nós contra vocês

  • Foto do escritor: Pivete
    Pivete
  • 1 de ago.
  • 2 min de leitura
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Recentemente voltei a usar bastante as redes sociais – principalmente para ver memes. Mas o algoritmo não é tão benevolente quanto eu gostaria.


Muitas vezes, sou bombardeado por conteúdos que me lembram da distopia do capitalismo tardio ao qual estou submetido simplesmente por existir – uma existência racializada, marcada por determinações econômicas e guiada por um espírito contestador.


Nas ruas, o mesmo cenário.


Durante uma operação do BOPE em uma festa junina no Morro Santo Amaro, no Catete (RJ), o jovem Herus Guimarães, de 24 anos, foi baleado e morreu. Ele comprava um lanche quando foi atingido. A ação gerou protestos de moradores e do rapper Oruam, que pedem justiça e denunciam a violência policial.
Durante uma operação do BOPE em uma festa junina no Morro Santo Amaro, no Catete (RJ), o jovem Herus Guimarães, de 24 anos, foi baleado e morreu. Ele comprava um lanche quando foi atingido. A ação gerou protestos de moradores e do rapper Oruam, que pedem justiça e denunciam a violência policial.

Ando por aí, penso em outros lugares, vivo por aí. Olha só aquele jovem negro – sou eu. Existo, posto fotos com frequência, quero criar memórias para quando for preciso lembrar de resistir. Memórias que se opõem às tarifas simbólicas de um suposto pensamento superior que nos infecta, que nos joga como eternos colonizados do velho mundo, enquanto o novo é sempre renegado.


Uma pena – tínhamos tanto potencial para evoluir como espécie.


A tal civilização segue com seu teatro político, jurídico, econômico – nunca cultural. Olha só: consomem tudo que já vem mastigado. Se precisam mover um pouco mais a mandíbula, buscam formas de triturar o conteúdo antes. Vivemos num mundo moderno com pitadas sádicas do antigo – o antigo permanece nos latifúndios, nas mansões, nos prédios e nas narrativas de quem não quer abrir mão do que conquistou à base de muito sangue... alheio.


Eu sou pivete – não se engane. Nunca deixaria de defender um jovem negro preso por arbitrariedades que só quem é como nós conhece. Jovens que, queiram vocês ou não, inspiram milhares de outros. E, sinceramente, era melhor quando eles estavam distraídos com o neoliberalismo e o consumismo ostentação.


O caso levou ao afastamento de policiais e à exoneração de comandantes. A Defensoria Pública e o Ministério Público investigam a operação. A morte reacende críticas sobre a letalidade policial nas favelas e o racismo institucional.
O caso levou ao afastamento de policiais e à exoneração de comandantes. A Defensoria Pública e o Ministério Público investigam a operação. A morte reacende críticas sobre a letalidade policial nas favelas e o racismo institucional.

Porque agora vocês abriram espaço para que eles se politizassem, se organizassem, se levantassem. E resistissem.

As coisas podem mudar ou não, mas a cada dia cresce a certeza de que é nós contra vocês.

Não acho que ele seja santo – quem é? Mas está ficando cada vez mais evidente o uso das velhas estratégias para nos encarcerar, encenadas nesse teatro do poder que deixaria até o Balandier desconcertado. Não é tragédia – é farsa. E vocês continuam com as mesmas armas de sempre.


Enquanto o último neguinho resistir, enquanto um único sonho ainda nos guiar, vai existir a esperança. E vocês não vão conseguir nos parar.


Liberdade já!

Ouçam o Deluxe.

Espalhem o som.

Compartilhem a verdade. 



A arte preta não vai morrer em silêncio.

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