sintomas culturais
- xuxuVEVO
- 3 de mai.
- 2 min de leitura

Sábado passado teve o Sarau Donana. Era o primeiro do ano. Mas, além disso, o espaço trouxe uma surpresa: a inauguração de uma sala de cinema! E não foi timidamente — o espaço se encheu bem cedo. As cadeiras logo foram ocupadas por várias pessoas animadas com aquele momento. Num cômodo bonito e refrigerado, rolou a projeção de uma sessão de filmes baixadenses. E tinha pipoca!
E era tudo de graça! Uma entrega de cultura pra população. Um delivery. A sessão foi plural: teve documentário, aventura, terror. A Baixada Fluminense é grande demais pra se ater a um gênero só. São vários. Várias pessoas pensando cinema.
E agora a gente tem também um espaço pra exibir todas essas produções — e todas as outras que virão.

Como é que faz pra exibir?
Primeiro: tem que ir lá. Esse texto é sobre o primeiro sarau do ano, mas todo último sábado do mês tem. Então você chega, fica à vontade, e troca uma ideia com as pessoas. No Donana, tem sempre muita gente conversando. Se reparar, parece que todo mundo se conhece.
E todo mundo se conhece. Mesmo quem você ainda não conhece.

Ao final da sessão, as equipes subiram diante da plateia pra responder dúvidas e comentar os processos. Este sempre é um quintal de reunião. De encontros. E também de grandes marcos. Inaugurar uma sala de cinema numa cidade que não possui nenhum cinema.
E o Heraldo HB estava lá. Disse que ficou na dúvida de onde iria, pois naquela mesma noite também inaugurava uma sala de cinema em Caxias. Haveria exibição lá também. E ele disse que isso era um sintoma.

Admirei — e entendi — o uso da palavra.
A suspeita é que os baixadenses estão dominando a prática de pensar, produzir, lançar e exibir.
Vai vendo…

E não era ali que a noite terminava. Ao final da sessão, começou o sarau! E aí, novamente, vimos que em Belford Roxo tem vários artistas muito competentes, querendo manter vivas as possibilidades das palavras. A possibilidade dos encontros. E se soar repetitivo, permita-se visitar e entender: essas não são situações comuns de se encontrar.

É como visitar a casa de um parente querido. E ele te tocar belas músicas, falar belas poesias.
Repito: não é comum encontrar tanto acolhimento. E especialmente: pra todos os tipos de arte.

Ao final, a estrutura e a personalidade expansiva de Caxtrinho — à meia-luz (por pedido dele mesmo) — jogando em casa, como gosta de estar. Sua música já viaja além-mar, mas aqui, nesse quintal, ainda tem espaço pra conquistar mais uma fã. O fã-clube do homem não para.
Ele fala, fala, distrai o público e depois bota todo mundo pra viajar usando um violão.

E ao final imediato do show, a nova fã levanta da primeira fila e pede, entusiasmada, pra tirar uma foto!!!
Acho que ela também foi contaminada. Já demonstrou os primeiros sintomas.
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