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Raimundo: um conto Natalino

Autor: Marcelo Valle

REVISTA MENÓ | 5° edição | Conto do Vigário





Brejo é um lugar alagadiço, cheio de lama.

Lugar onde vive o sapo.

O sapo é um bicho esquisito.

Vive meio na terra, meio na água.

Não tem pescoço nem rabo.

Sapo não fala,sapo coaxa!

Sapo não sabe fazer poesia.

Poesia é a arte do poeta.

Abstrata ou concreta.

Direta ou indireta.

Aparente ou discreta.

Pode ser presa a uma forma ou liberta.

Todo mundo é poeta!

Pra ser poeta não é preciso escrever,

basta transformar o que se sente e o que se vê em poesia.


Raimundo também vive no brejo, mas não é sapo.

Raimundo vive numa casinha cercada de sapos.

Raimundo engole sapos! Raimundo é pobre!

A riqueza do pobre é outra!

Pobre é quem trabalha muito e pouco ganha.

Pobre é excluído, maltratado, explorado e esquecido.

Pobre não tem dinheiro.

Raimundo é pobre e , sem saber, é poeta!

É poeta porque sabe transformar tristeza em alegria.


Raimundo quando criança acreditava em Papai Noel!

Papai Noel sempre se esqueceu de Raimundo.

Raimundo cresceu e esqueceu de Papai Noel.


Papai Noel é rico, trabalha pouco e ganha muito.

Papai Noel é dono de uma fábrica de presentes.

É um velhinho gordo e contente.

Vive em um lugar frio, em outro continente.

É barbudo e usa roupa vermelha e quente.

Anda sempre carregando um saco de presentes.


Papai Noel caiu no brejo, lugar onde vivem os sapos e Raimundo.

Papai Noel , coitado, ficou atolado.

Papai Noel tinha muitos presentes pra entregar, ficou preocupado.

Chamou Raimundo e disse:

_Vai Raimundo, entregar os presentes.

Raimundo foi.

Papai Noel engoliu muitos sapos.

Nesse dia o pobre foi lembrado.

Raimundo girou o mundo.

E lembrou de todo mundo, não esqueceu ninguém.

Brejo,beco,mangue.

Viadutos, favelas, ruas…

Muita gente estranhou: que papai Noel diferente!

É magro, é sujo..é gente!

E naquele dia Papai Noel existiu pra todo mundo!


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