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Passando a Visão: sobre esse parada de G20 que tá causando o maior rebuliço na zona sul:



Você deve estar se perguntando o que é o G20 e por que um monte de autoridades veio para a Zona Sul fazer uma reunião. Assim como eu, você deve estar se questionando sobre o efeito prático desse evento, além do mega feriadão que vai rolar em novembro graças à presença dos líderes mundiais na Cidade Maravilhosa.


Eu, por exemplo, como morador da Baixada Fluminense, que tem que pegar o metrô na Pavuna para conseguir adentrar ao cartão postal, não vi nenhuma plaquinha "Rio capital do G20" no metrô, na feirinha e muito menos nas favelas que rodeiam o Rio. Mas longe de mim ser injusto, tem uma placa em frente à Rocinha, então até aí, tudo bem.


Neste texto, vou tentar "passar a visão" sobre o que é esse G20 e questionar se alguém além das figurinhas carimbadas do ativismo social brasileiro foi chamado para um evento que trata principalmente do combate à fome, pobreza e desigualdade no Brasil e no mundo. Eu sei que nenhuma autoridade iria querer aparecer em uma reunião em Madureira, Bangu, Campo Grande, Jacarepaguá ou até mesmo na Pavuna - que injustiça, pois eu acho que a feirinha da Pavuna deveria ser patrimônio mundial -, mas falar sobre esses temas na Zona Sul racista e desigual do Rio de Janeiro é, no mínimo, curioso.

A falta de uma divulgação mais efetiva e a ausência de uma convocação de atores sociais que realmente lutam diariamente pelo direito básico, na periferia, tomando porrada de quem deveria proteger, também é bem curioso. Pois, na minha humilde opinião, encher uma sala de intelectuais, políticos, diplomatas e autoridades em Marina da Glória não parece ser o caminho mais efetivo para se discutir desigualdade e fome.





Então, meu "cria", você sabe o que é o G20?


O Brasil botou as mãos na presidência do G20 pela primeira vez, esse grupo das economias top do planeta, junto com a União Europeia e a União Africana, que foi criado lá em 1999 depois da crise financeira asiática. Com um ano só no comando, o país tá querendo levantar três bandeiras: meter bronca no combate à fome, pobreza e desigualdade; botar pilha no desenvolvimento sustentável; e “deixar na régua” a governança global.


O G20, que junta as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e agora também a União Africana, representa cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois terços da população do globo. A missão principal deles é dar um gás no crescimento e desenvolvimento mundial, fortalecendo a arquitetura financeira internacional e tocando os grandes temas econômicos mundiais.


Parece que o presidente Lula mandou um papo reto pros diplomatas encarregados de organizar as 130 reuniões que vão rolar pelo país a partir de dezembro: o Brasil, como anfitrião, tem que soltar projetos que colam na vida da galera. Uma dessas ideias já tá no forno: lançar uma parceria global contra a fome.



Onde vai rolar esse G20 ? 


Então, a parada agora fica um pouco mais complicadinha. O Brasil escolheu 15 cidades-sede que vão abrigar as reuniões dos grupos de trabalho do G20: Brasília (DF), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), São Luís (MA) e Teresina (PI).


As primeiras reuniões já começaram no ano passado, em dezembro, lá em Brasília, no Palácio Itamaraty. Entre os dias 11 e 15 de dezembro, rolaram os encontros das Trilhas de Sherpas, que supervisionam as negociações e discutem os pontos da agenda da cúpula, e de Finanças, que trata dos assuntos macroeconômicos.


E saca só, essa ideia de espalhar as reuniões por aí é uma novidade brasileira, transformando o G20 em um "fórum mais de boa e representativo". Fazer as reuniões nas cidades-sede, espalhadas pelas cinco regiões do país, também é uma jogada para dar aquele incentivo no turismo, troca cultural e fortalecimento das relações entre as cidades e as nações participantes.



As reuniões ministeriais estão acontecendo hoje (21) e vão até amanhã. Nestes dias, o "Trilhas de Sherpas" - não me perguntem por que diabos tem esse nome, porque eu não faço ideia; brincadeira, já vou explicar para vocês - vai ter sua primeira reunião. E nos dias 28 e 29, é a vez de São Paulo sediar a reunião ministerial da Trilha de Finanças.


Nas palavras tiradas do próprio site do G20, "Os eventos planejados incentivam a participação dos líderes e das galeras locais, empresas e organizações, e representam um passo importante na descentralização da diplomacia global, contribuindo para soluções mais justas e sustentáveis, na base da diversidade e do entendimento mútuo. O G20 no Brasil em 2024 não é só um evento, mas uma chance de redefinir as relações internacionais num esquema mais inclusivo e participativo".


Pivete, o que é essa tal de “Trilhas Sherpas” ?


A Trilha de Sherpas é tocada pelos caras escolhidos pessoalmente pelos líderes do G20, que cuidam das negociações, debatem os pontos da agenda da cúpula e coordenam a maior parte do trampo. O sherpa que o governo brasileiro mandou é o embaixador Maurício Lyrio, que é secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty.


Só que, saca essa, Sherpas é também o nome de uma galera lá da região montanhosa do Nepal, e em tibetano, quer dizer "povo do leste". Esses caras que guiam os alpinistas que querem chegar no topo do Monte Everest. Sem esses Sherpas, ia ser quase impossível alcançar o pico da montanha. Já no G20, os sherpas são os chefes de cada país que mandam as paradas nas discussões e acordos até a cúpula final com os big boss, tipo os chefes de Estado e de Governo.


A Trilha de Sherpas tem uns 15 grupos de trabalho, duas forças-tarefa e uma Iniciativa.


A outra trilha é a a Trilha de Finanças: que lida com uns assuntos macroeconômicos estratégicos e é tocada pelos ministros das Finanças e chefões dos Bancos Centrais dos países do rolê. A chefa da Trilha de Finanças é a economista e diplomata Tatiana Rosito, que manda como secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.


A Trilha de Finanças tem uns sete grupos técnicos na jogada, além de uma força-tarefa.


Cria, me fala um pouco sobre a programação do evento?


A maioria das reuniões vai rolar em Brasília e no Rio de Janeiro, com 33 na Capital do Brasil e 23 na Cidade Maravilhosa. O esquema prevê mais de 130 reuniões e eventos durante o tempo que o Brasil estiver nessa, fechando com a cúpula dos chefes de Estado e Governo marcada para novembro de 2024, no Rio de Janeiro.


E olha só, o cronograma ainda tem oito encontros em cidades fora do Brasil, tipo Atlanta, Washington e Nova York (EUA), Genebra (Suíça) e Bruxelas (Bélgica). A mania de marcar essas reuniões do G20 em lugares internacionais é coisa comum, querendo aproveitar eventos globais onde ministros ou delegados dos grupos de trabalho ou da Trilha de Finanças já estejam na área. Por exemplo, os rolês da Trilha de Finanças em Washington vão bater junto com as reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI).


O calendário de atividades do G20 cobre uma galera de temas importantes pro desenvolvimento global, tipo redução do risco de desastres, táticas contra a corrupção, movimentos pra dar um up na igualdade de gênero, vibes das tendências econômicas mundiais, mudanças e adaptações no sistema financeiro global, compromissos e estratégias pra encarar as mudanças climáticas, avanços tecnológicos e digitais, impulso na saúde global, táticas pra desenvolvimento sustentável na agricultura, transição pra fontes de energia sustentáveis, planos pra promover o emprego, combate à fome e à pobreza, e mais um monte de paradas.



Desinformação vai ser umas das pautas: 


O conceito de integridade da informação refere-se à precisão, consistência e confiabilidade da informação. Ela é ameaçada pela desinformação, pela informação falsa e pelo discurso de ódio que circulam, sobretudo, por canais digitais. De acordo com a Organização das Nações Unidas, são 2 bilhões de pessoas no mundo usando a internet. Estudo realizado em 142 países mostrou que 58,5% dos usuários regulares de internet e mídias sociais ao redor do mundo estão preocupados em encontrar desinformação on-line.


A desinformação é descrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como conteúdo falso ou enganoso que pode causar danos específicos, independentemente de motivações, consciência ou comportamentos. Por meio de narrativas negacionistas, atores estatais e não-estatais procuram engajar cidadãos e cidadãs em posições equivocadas. De acordo com as Nações Unidas, a desinformação impacta sobre todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e também sobre questões fundamentais como vacinação, democracia e aquecimento global. 


O tema será debatido durante o G20, como uma das pautas prioritárias do Grupo de Trabalho Economia Digital (DEWG, na sigla em inglês). Estabelecido em 2021, o GT busca orientar políticas públicas sobre como aproveitar o potencial das economias por meio do processo de transformação digital como instrumento para o aprimoramento da participação pública e o fomento do desenvolvimento socioeconômico de forma inclusiva.


Lula mandou o papo reto:


Durante reunião de instalação da comissão que organizará os eventos da presidência brasileira do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a importância da cúpula. "Possivelmente esse será o mais importante evento internacional que nós iremos organizar", disse. "A gente vai ter uma reunião histórica no país, que eu espero que possa tratar de assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver. Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e a gente ter tanta gente ainda passando fome".

Existem grupos de engajamento que serviriam como espaços de participação da sociedade civil, mas não encontrei nenhuma informação no site sobre como participar. Vão existir ou já existem grupos de engajamento no chamado G20 Social, que tem o objetivo de garantir espaço para diferentes vozes, lutas e reivindicações das populações e dos agentes não-governamentais dos países que compõem as maiores economias do mundo.



Os 13 grupos de engajamento que fazem parte do G20 Social são: C20 (sociedade civil); T20 (think tanks); Y20 (juventude); W20 (mulheres); L20 (trabalho); U20 (cidades); B20 (business); S20 (ciências); Startup20 (startups); P20 (parlamentos); SAI20 (tribunais de contas); e os mais novos J20 (cortes supremas) e O20 (oceanos).


Estão previstas mais de 50 reuniões dos grupos de engajamento e outras atividades envolvendo as sociedades dos países do bloco durante o período da presidência brasileira do G20.



Espero que até novembro haja mais oportunidades para a sociedade civil fazer parte e acompanhar de perto essa reunião importantíssima em nosso país.


Nós, da Menó, estaremos acompanhando o evento em busca de trazer mais informações para vocês.


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