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"Inocente Demotape" de Djonga


Djonga lançou o seu mais novo álbum, "Inocente Demotape" (2023), com uma identidade visual que faz referência à capa do segundo e mais famoso LP da cantora norte-americana Minnie Riperton (1947 – 1979), "Perfect Angel" (1974). Diferentemente dos álbuns anteriores do mineiro Gustavo, seu mais recente lançamento, "Inocente", foge das temáticas mais sensíveis que o rapper normalmente aborda em suas músicas. Aqui, um dos maiores expoentes do rap nacional fala sobre amor, sexo, luxo, desejo... Tudo com doses de "inocência". Ver esse lado mais leve do Djonga me surpreendeu. É importante falar sobre outras coisas; sempre é bom falar de amor.


Não que a revolta não esteja presente na "Demotape". Na última música do EP, "Camarote", Djonga fala sobre ostentação, luxo, sedução, mas também aborda sentimentos como saudades, ódio e frustração por ter perdido um amigo de infância. Até quando falamos de amor, não conseguimos fugir do ódio plantado pela injustiça contra os nossos. A música é assim; ser um artista é assim. Não é apenas um simples produto; existe sentimento e uma bagagem que influenciam diretamente nas músicas.



Sejamos justos, não é a primeira vez que o nosso mineirinho fala sobre amor. Uma das minhas músicas preferidas de "Love Songs" é "Amr Sinto Falta da Nssa ksa" do álbum "Histórias da Minha Área" (2020) de Djonga. Embalado por um sampler finíssimo, o rapper expõe seu íntimo, despeja seus medos e anseios, e principalmente, seu desejo de voltar para casa para reencontrar sua amada. É como um toque de Tim Maia para encerrar o álbum com chave de ouro. Há também "Leal" do álbum "Ladrão" (2019), que fala de amor e lealdade e possui mais de 100 milhões de streams somente no Spotify. Além disso, temos "Poesia Acústica", "Solto" de "Menino que Queria Ser Deus" (2018), "Penumbra" de "O Dono do Lugar" (2022) e "Dá pra Ser?" de "Nu" (2021). Djonga pode até falar pouco sobre o amor, mas quando fala, dá verdadeiras lições.



Em "Inocente Demotape" (2023), o nosso mineirinho preferido conta com a ajuda de Mc Cabelinho, Veigh, Iza Sabino, Laura Sette, Tz da Coronel e Lisboa para falar sobre sexo, amor e desejo. A primeira faixa do álbum, "5 da Manhã", que conta com um audiovisual incrível disponível no YouTube, é um deleite para os ouvidos. Djonga narra em ordem cronológica sua rotina agitada de artista, que termina com uma sensação de "continuação".



"Valeu a Batalha" é outro som que mostra a versatilidade do artista mineiro, que fala sobre o limiar frágil entre amor e carência. Mesmo que nada sério tenha acontecido, aquela paixão valeu a pena. Nem tudo tem que ser eterno.

"Da Lua" com Veigh é muito envolvente. Este álbum está repleto de músicas para ouvir enquanto se está com alguém especial. O refrão cantado por Lisboa tem uma vibe única que se encaixa perfeitamente com as palavras de Djonga sobre amor e sexo, sem esquecer as particularidades da vida de um homem negro rico. "Se eu compro flores para as mulheres que gosto, imagine o que faço para as mulheres que amo."



"Coração Gelado" é a música para os “putos românticos intensos”, que às vezes caem nas armadilhas do amor. Na fluidez dos relacionamentos contemporâneos, que versam com a velocidade das redes e a escassez do tempo. Tz da Coronel, como sempre, surpreende com seu flow e versos, encaixando o contexto do "putão" de forma impressionante.



"Das Amantes Freestyle" e "Depois da Meia Noite", esta última com a participação de MC Cabelinho, também são ótimas. "Fumaça" é uma das minhas preferidas; pessoalmente, escutei este álbum dezenas de vezes desde o lançamento. "Fumaça sobe, ela desce, eu traço um plano." Djonga surpreendeu; esta "demotape" é um espetáculo, e espero que, a partir dessa experiência, ele continue entregando mais diversidade em suas músicas. Quem ganha é o rap nacional.



Ouça "Inocente Demotape" (2023) em todas as plataformas digitais!


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