A verdade não rima
- Gabriel Portella

 - 6 de dez. de 2024
 - 2 min de leitura
 
Onze tiros. Foi assim que a vida de Gabriel Renan da Silva Soares, um jovem negro de 26 anos, foi arrancada por um policial essa execução reflete mais um capítulo cruel da violência do Estado contra corpos negros no Brasil.
Gabriel foi executado pelas costas, em um supermercado na zona sul de São Paulo. O motivo? O furto de barras de sabão. Esse crime, que deveria ser respondido pela Justiça, foi tratado pela polícia com a pena capital.
Fátima Guedes já cantou sobre outras vítimas de violência como Gabriel. Em Onze Fitas, a tragédia de um homem negro assassinado ressoa com a dor de tantos outros. 'Quantas vezes se leu nessa semana? Essa história contada assim por cima... A verdade não rima.' A música nos lembra que cada um desses nomes tem uma história, um significado, um luto.
Casos como o de Gabriel não são isolados. São consequências de um sistema que desumaniza vidas negras. Em 2024, os números mostram que o Brasil continua sendo palco de um genocídio negro. Cada tiro disparado reafirma um ciclo de opressão que atravessa gerações.
Gabriel não era só mais um. Era um irmão, um filho, um amigo. Como canta Fátima Guedes, 'Deus o livre morresse assassinado, pro seu santo não era um qualquer um.' Mas quantos Gabriéis precisarão cair até que as instituições entendam que suas vidas importam?

A luta contra essa violência é antiga. Já na década de 1930, a Frente Negra Brasileira organizava uma resistência contra o racismo estrutural. Hoje, seguimos em busca de justiça, ecoando o grito de tantos movimentos:
É urgente lembrar que cada nome conta. A história de Gabriel não pode ser contada 'assim por cima'. Ele é parte de uma narrativa que precisa ser transformada. Para que mais nenhuma família precise enterrar seus filhos tão cedo. Para que, enfim, possamos dizer: a verdade agora rima.








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