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Sobre os apesares

Texto produzido durante o Ateliê Aberto do Conspiração Cultural, realizado em 29 de novembro.
Texto produzido durante o Ateliê Aberto do Conspiração Cultural, realizado em 29 de novembro, onde a criação nasce do encontro e da insistência.

o intervalo entre a possibilidade e a ação se situa em frestas de espaço-tempo, onde estão guardados tudo o que poderia ter sido. a potência não existe em um vácuo, assim como a sua desestabilização. é programado, sistêmico, escrito nas entrelinhas de cada plano traçado e sobreposto. os apesares circunscrevem a realidade e coexistem com corpos que se movimentam em prol da vida ou da sobrevivência – esses mesmos apesares marcam quais corpos fazem parte de cada grupo. 


estar em vida exige um esforço sobre-humano para corpos marginais. 


O viver na sub-humanidade é viver? 


manter-se vivo, apesar do peso de coisas que se metamorfoseiam e assumem outros nomes, ainda é viver?


apesar de tudo, ainda estás aqui. apesar do aqui, encontramos tudo. apesar da caminhada, há encontros com outros apesares.


um rio desmancha em afluentes e esses retornam para o corpo maior de água, eventualmente. a chuva cai, as gotas evaporam e condensam em janelas e espelhos e em pedras na beira do rio. apesar do desvio, há encontros. apesar das quebras, a força retorna.


Há algo na insistência, na desobediência da monotonia, que escancara as situações que permitem a existência dos apesares. corpos marcados por apesares são os empurrados para frestas entre vida e morte-em-vida, movimentando-se em passos condicionados a pisar devagar, leve, sem barulho. o corpo que chega apesar de… que existe apesar de… que tem marcado na carne o desafio à onipresença de tudo que institui o apesar. a existência é, para a margem, insistir na vida.


os encontros de apesares são feitos em intervalos; a insistência no fortalecimento os transforma em porquês. sou porque… faço porque… insisto porque…

produzir é insistir. artista apesar de. artista porque… 


o encontro desobedece aos choques arquitetados para isolar, abafar e direcionar à becos da existência todo e qualquer rumo que não o já posto. é necessário fazer ruir o que estreita os caminhos e construem vielas; cada corpo ali esmagado pelos apesares é uma potência submetida ao estado de não-vida.


crio apesar do tempo, das condições, do corpo

porque sonho em antítese.


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