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Peraí, Bola de Fogo, o calor tá de matar.


Faz tanto tempo que falamos sobre o aquecimento global, efeito estufa e mudanças climáticas. Quando eu tinha 16 anos, fiz um curso de Meio Ambiente na Estácio. Naquela época, já se falava bastante sobre o assunto. Lembro que o Fantástico era efusivo; aproveitou a pauta e bombardeou os lares brasileiros com a alarmante notícia de que nossa existência como espécie estava em risco.


Mas nada mudou; o tempo passou. As consequências do capitalismo predatório, sua poluição, seu descaso com o meio ambiente e seu desprezo pela vida bateram à porta. Recentemente, li uma notícia que me fez soltar aquele "arzinho" pela boca. Um dos maiores poluidores e destruidores do planeta, imperialista, que faz guerra na mesma quantidade que faz "Big Mac’s," está sofrendo uma onda de calor extrema causada por mudanças climáticas que o seu governo insistiu por muito tempo em negar.


Vou soltar aqui uma pergunta meio óbvia: Quem vai se ferrar mais com as consequências das mudanças climáticas no Brasil?


Pessoas em situação de rua são uma das maiores vítimas dessas mudanças climáticas extremas. A periferia brasileira será também uma das grandes impactadas pela falta d'água, ondas de calor, tempestades. Já estamos cientes das catástrofes ambientais, que, há algum tempo, estavam mais presentes em outros países e que se tornaram um problema rotineiro na vida dos brasileiros. No ano passado, o Instituto Trata Brasil (ITB) divulgou um relatório sobre o saneamento básico no país, mostrando dados alarmantes sobre a desigualdade presente no país tropical.


São cerca de 35 milhões de cidadãos brasileiros que enfrentam a falta de acesso à água potável, enquanto quase 100 milhões carecem de sistemas de coleta e tratamento de esgoto. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) indicam que aproximadamente 4 milhões de pessoas não têm acesso a instalações sanitárias adequadas. No estado do Rio de Janeiro, o índice de atendimento urbano com redes de esgoto em 2021 foi de 68,3%, revelando uma deficiência no sistema de saneamento básico estadual. Os serviços de assistência sanitária estão predominantemente concentrados nos bairros mais privilegiados da capital.


Quem trabalha na rua, de forma autônoma, cerca de 30,2 milhões de empregadores e trabalhadores, sendo em sua maioria, 65,8% deste total atuam na informalidade, segundo o relatório do IBGE de 2022. Pessoas que são castigadas por esse calor extremo que cozinhou o Rio de Janeiro nesses últimos dias, um calor que não só queima, mas também mata. Pessoas em sua maioria negras e pobres. Até aqui, a questão racial é importante para entender. Existe uma coisa chamada Racismo Ambiental, que, no grosso, é que no processo de extinção da humanidade causada pela ebulição global, as minorias vão "arrastar para cima" primeiro. Raça e classe são de extrema importância para entender que são eles que enriquecem degradando o planeta e nós que vamos sofrer as consequências de uma forma mais explícita. Até porque super ricos têm ar condicionado até na cavidade anal.


Agora, vamos falar de um assunto polêmico para alguns, sobre o sistema prisional brasileiro que em breve vai ser privatizado pelo bem do capital. Imagina o que aquelas pessoas, acima de tudo, seres humanos, estão sofrendo em celas superlotadas e com condições minimamente insalubres. E aí você pode dizer: "Mas são criminosos, merecem ser tratados assim mesmo, tá com pena, leva para casa." O nosso país, que para algun$ é o celeiro da impunidade, tem 812 mil presos, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e boa parte deles não foi julgada ainda; cerca de 41,5% (337.126) são presos provisórios. Desses presos, 68,2% são negros, 444.033 pessoas, segundo os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, gente que só vai sair pior, pois como ressocializar alguém tratando pior do que bicho.


Vou lançar um clichê, aquele filme, "Não olhe para Cima" (2021) do diretor Adam McKay, é um retrato fiel de boa parte da humanidade, que só vai se movimentar quando tiver um meteoro beirando a borda do c@. Sim, eu sei que não temos muito o que fazer, essas decisões estão nas mãos de poucos, o poder de ação também, mas se a gente ficar fingindo que nada está acontecendo, nem um paliativo vai rolar, e nós vamos torrar. É nítido que aqueles que decidem como as coisas vão ser estão em suas mansões, carros de luxo, iates, jatinhos, entre outros bens de luxo climatizados; logo, a mudança não virá por eles.



Eu sofri bastante com o calor nesses últimos dias, descobri uma urticária colinérgica, por conta do suor e do calor. O Rio de Janeiro bateu recorde de sensação térmica com 59,3°C, de rachar o bico. Vimos o capitalismo mostrar suas garras da ganância mais uma vez, ceifando a vida de uma jovem que só queria ver o show de sua artista preferida. Favelas e bairros inteiros sem energia elétrica, como foi o caso da Rocinha, e diversos lugares pelo Estado do Rio de Janeiro. Ficou mais explícito que o mundo está cozinhando, e nós somos os ingredientes desta sopa. O que podemos fazer para resolver esse problemão que a ganância de alguns causou? Não sei, só sei que já passou da hora de acordar.


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