top of page
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
  • YouTube

O Soul Pixta fez festa no CCBB nos seus 11 anos

Atualizado: 3 de mai.




O Soul Pixta foi elaborar uma festa no CCBB, e eu pude ter a honra de prestigiar isso nos dias 27 e 30 de novembro de 2024.


Porém, não seria de minha índole começar o “Acorda Pedrinho” assim, devo dar uma visão antes sobre o meu vínculo com a roda cultural. 

Se eu não estiver errado, um dos primeiros locais onde fiz pocket show na época de MC foi lá, e isso tem bastante tempo. Fui um cara que era fã de ir em eventos de rua todo dia, tinha energia de sobra; melhor dizendo, tinha fome de conhecer novos horizontes, e frequentar o Soul Pixta foi um divisor de águas da minha vida, sem dúvidas. Apesar de terem feito uma edição de aniversário na pista de skate do Cocotá, em agosto do ano passado, o coletivo realizou um evento como uma extensão dele. O pessoal tinha ganhado um edital de 2022 para fazer um programação dentro do Centro Cultural do Banco do Brasil.


De coração mesmo, duvido que eu teria a mesma visão de mundo se não tivesse contato com o Hip-hop. Era antes uma pessoa e me tornei outra após o acesso à arte.

Vale lembrar que é justamente essa questão que norteou a iniciativa do coletivo dentro do Centro Cultural Banco do Brasil, uma vez que não é vista com bons olhos na maioria dos cantos da cidade.


O pessoal viu que poderia ter uma chance e resolveu apostar as fichas no mês da consciência e diáspora negra, quando rolaram diversas exposições sobre essa temática.

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Foram quatro dias dedicados aos elementos conhecidos mundialmente, um elemento por dia. No primeiro, aconteceu uma roda de conversa com figuras emblemáticas dentro do movimento. Camila Cattoi, quem puxa a Roda Cultural Canta Teresa; Xandy MC, um mano que está dentro do circuito desde o início, e que é fundador da  Roda do Pac’stão;  Negra Rê, uma das relíquias das batalhas e referência sobre o que é ser mc, além de puxar a Roda Cultural do Arará e da Lapa Diversa, e também um dos nomes divulgados do projeto #EstudeoFunk.

E pra fechar esse time, compunha nessa roda o MC Marechal, que promoveu a Batalha do Conhecimento e é fundador do selo VVAR.

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

A mediação ficou por conta de Sandro Lemos, um dos braços fortes do Soul, garantindo que fossem respondidas todas as perguntas sobre os desafios nesses locais que procuram o resgate da juventude. Não realizei nenhuma pergunta porque não faltaram questões relevantes para o debate. Recomendo um vídeo que a Korre Company fez desse momento, que ficou muito bom.




Lembrei de uma fala da Negra Rê nesse momento a qual ela diz sobre a música, a arte no geral, educa a juventude periférica e faz esses trabalhos de resgate e oferecimento de alternativa à “vida fácil” — que não tem nada de fácil em decidir em pôr a mão na peça e botar pra rajar contra a polícia e os oponentes nesse mercado varejista de substâncias.
Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Reparo que as respostas que consigo dos entrevistados seguiam essa linha de pensamento, coisa que também era perceptível nas que obtive do pessoal de sábado.

Durante a minha busca de entrevistas, consegui ter a honra de ter alguns minutos com a querida Edd Wheeler, lenda viva do rap carioca. Ela simplesmente abriu a mata não só para as mulheres no meio, principalmente, como colocou o RJ no mapa através da coletânea “Tiro Inicial” (1993) com o grupo “As Damas do Rap”. Quando falou comigo, também deu um depoimento que entra em sintonia com os outros que foram concedidos, parecendo que foram combinadas as respostas. Por mais que pareça óbvio que responder a minha pergunta levasse a mesma conclusão, o que percebi não foi isso. O que entendi foi o fato do Hip-Hop trabalhar de forma quase etérea, pois a rua é o canal de transmissão dos agentes que nele vivem. Então, quem vive ele vai dizer a mesma coisa que a Edd Wheeler me disse no final, que o Hip-hop salva vidas.     


No dia 30, uma noite repleta de apresentações me aguardava: uma batalha com 16 mc’s, tendo direito a presença da Lili, diretamente de São Paulo. Quem ficou de frente na condução dela foi a querida Lis MC, joia rara e figura emergente do cenário musical urbano independente, e para auxiliar nos anúncios do cronograma, tivemos a presença de Nyl MC.


Pra você ter uma noção, olha o elenco da noite: Faro MC, Gordão ZN, Devilzinha, MT, Leal MC, Mr PAC ZN, Jhon’Z, GB da Rima, Mec Poke, WL, Lili (SP), Sereia BXD, OZ, Magali, Black MC e Pitanga ZN. Entre os intervalos das fases, os pockets shows nos entretinham a cada minuto passado.

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Primeiro tivemos Izy Castelano, com um repertório com participações que cativaram o público na hora. Ela me impressionou de verdade porque não ficou restrita às love songs dela, também cantou canções introspectivas, revelando um pouco mais da sua personalidade. E dizem que esse ano de 2025 ela estaria lançando um álbum, então ficarei na expectativa.

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Depois da apresentação, começa a segunda fase, mas não consegui acompanhar a batalha na íntegra, pois estava captando os depoimentos sobre a importância de estar no CCBB. Este espaço, por mais que ofereça uma programação gratuita, ainda é pouco visto para a maioria dos transeuntes da cidade.


Dito isso, achei incrível ter um evento como o Soul Pixta no intuito de atrair um público mais diverso e com faixa etária mais diversa, mostrando que a arte pode promover grandes mudanças.
Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Voltando aos shows, quem brotou para agitar foi o grupo 1DV (lê-se 1 degrau por vez) que trouxe o NosDJazz — representado por Alisson Souza e Theo Chrispim — e juntos me fizeram gastar a onda legal. Formado por Lobk, PH, DJ Haole, Pipo e Camuri, o conjunto deu aulas de rap e mostrou como que se mantém os fundamentos firmes.


Durante o show deles, rolou um pocket solo do Camuri, onde o mesmo mostrou algumas músicas que não conhecia. Achei brabo demais por ser algo inédito e contagiante. 


Aí teve o show da PMusic, representado pelo Pipo — que já tava no show anterior — e o mano Lost. Pode ter certeza que esse foi um pocket de respeito. Mas como tudo que é bom dura pouco, seguimos o baile.

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Logo após, chega DaFlor, “relíkia” máxima do cenário insulano. Um dos fundadores do Soul Pixta e embaixador do skate carioca com a Ademafia, ele deu o ar da graça com um repertório de funk com rap, e trouxe o parceiro JovemBlackMirror para contar algumas músicas junto. Infelizmente cheguei a ver pouco tempo do seu show por causa da correria que tava, mas não foi problema, já que consegui falar com eles também. No final, tudo deu certo.


Então era chegada a hora do Flow 021. O break que abrilhantou a pista, pelo que soube, foi absurdo. Consegui ver um pouco do aquecimento deles antes de começar o show e pude trocar uma ideia com o GB, um dos integrantes do grupo que arrebentou lá na hora.


Esse movimento precisa ser exaltado aqui, pois são muitos os nomes que não sabemos dentro desse pilar do Hip-hop. Sem o break, o movimento que conhecemos hoje não seria nada.
Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Depois disso, vem as semifinais. Batalhas intensas foram feitas aqui e no mais alto nível; todas as chaves eram compostas por minas. Foi Magali x Devilzinha, finalista, e Sereia x Lili, que passou para a última chave. Pelo que soube também, todas as duas semifinais tiveram terceiro round, o que deixou tudo mais empolgante. Na final, quem ganhou foi Devilzinha, se consagrando como a campeã da batalha.


No meio desse processo todo em busca da resposta perfeita para a minha pergunta, fui fazer contato com Sant, a atração principal da noite. Não é como se eu o conhecesse pessoalmente, mas já tive contato com ele quando acompanhava alguns shows dele no início da carreira e pude ter a honra deele me apresentar na minha primeira batalha de rima da minha vida, que foi na Tattoo Week de 2015.

Ele não vai lembrar, mas foi muito importante na minha vida. Nessa que fui falar com ele e com LP Beatzz, Sant foi simpático e respondeu de uma vez só as duas perguntas que fiz sobre sua trajetória e a importância das rodas de rima nesses espaços públicos que são exclusivos. Assim que terminou, os dois desceram para assistir o próximo show que viria.


Com muita qualidade na performance e na música que fazem, eles deixam muito gringo pra trás. Não saía da minha cabeça eles falando “D-D-D-N-A”.
Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

E adivinha quem foi: DNASTY (Hélio Crunk e Evan Maurílio). Esse show foi um dos que mais filmei porque há um tempo que não os via em atividade. O duo tinha lançado o “Da Água ao Vinho”, seu álbum de estúdio mais recente, e vê-los ao vivo foi interessante pelo fato de perceber que eles tavam mais afiados do que nunca.


O que falar do headline? Um espetáculo apoteótico, de conexão única. Ninguém ficava sem cantar as faixas que ele soltava, e era difícil não ficar emocionado com o show a cada momento. Quase perdi a postura algumas vezes por causa das lembranças que tinha de outros que tinha ido do Sant.
Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Assim que terminou, um agradecimento ao espaço e ao evento foram feitos pelo próprio Stark, tendo o mesmo homenageando o grande BIGG — figura emblemática do Soul Pixta, um mestre de cerimônia que tava na ativa desde a sua formação (R.I.P.). Uma foto do lado de fora do centro com todos os presentes que ficaram até o final foi feita.

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Foto: Barbara Melo
Foto: Barbara Melo

Se eu tivesse que definir esse rolé em uma palavra, provavelmente seria “esperança”, pois foi o que senti quando pisei no CCBB e vi aquele trabalho lindo executado da melhor forma. Não é justo só parabenizar, precisava retribuir toda essa energia que foi transmitida através dessa matéria.


Então aqui fica o meu salve no Acorda Pedrinho de hoje, que demorou, mas saiu do jeito que devia sair. Obrigado Soul Pixta, por tudo, e pela oportunidade de escrever sobre essa festa linda.

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
logo.png
  • Branca Ícone Instagram
  • Branco Facebook Ícone
  • Branco Twitter Ícone
  • Branca ícone do YouTube

Todos os Direitos Reservados | Revista Menó | ISSN 2764-5649 

bottom of page