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“Nós por nós, pra ninguém sangrar sozinho”: o grito abafado da Enfermagem de Belford Roxo

  • Foto do escritor: Pivete
    Pivete
  • 14 de mai.
  • 4 min de leitura

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É debaixo do sol da Baixada, entre sirenes, madrugadas e salas improvisadas, que a Enfermagem de Belford Roxo faz milagre todo dia. Milagre de acolher, curar, costurar feridas da carne e da alma.


Milagre de estar de pé — mesmo sem ter o que comer em casa, mesmo devendo o aluguel, mesmo com o salário congelado e o coração em frangalhos. Agora, mais uma vez, essa gente que cuida de todo mundo é deixada pra trás.

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Desde janeiro de 2025, os profissionais de enfermagem do município não veem um centavo sequer do que deveriam estar recebendo pelo Complemento Salarial Retroativo, garantido por lei. Dez parcelas em aberto. Isso mesmo: dez meses de atraso em repasses que a União faz regularmente para a Prefeitura, e que estão devidamente lançados no sistema InvestSUS, com CPF, carimbo e tudo.


A pergunta que ecoa nos corredores dos hospitais é simples: Cadê o dinheiro da Enfermagem?
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Uma luta que não começou agora


O piso nacional da Enfermagem foi uma conquista arrancada com suor, greve e lágrima. Depois de anos de mobilização, veio a Lei 14.434/2022, que fixou o piso para enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras. Mas, como de costume no Brasil, a história não termina na assinatura da lei. Começou aí a disputa pelo cumprimento.


Em 2023, após decisões judiciais e muito empurra-empurra entre os entes federativos, o Ministério da Saúde começou a repassar os valores — inclusive os retroativos. Para isso, criou a Portaria GM/MS nº 4.155/2024, com critérios técnicos para distribuição do dinheiro aos estados e municípios. A norma determina que os gestores públicos façam o repasse diretamente aos profissionais, de acordo com listas já homologadas.

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Só que, em Belford Roxo, o dinheiro chega… e some. Não há nota pública, não há prestação de contas clara, não há justificativa. Há só o silêncio — e a dor de quem depende desse salário para sobreviver.


A Enfermagem sangra


Enquanto a burocracia se arrasta, a Enfermagem sangra. São profissionais adoecendo por estresse, por sobrecarga de trabalho, por insegurança financeira. Gente que segura a barra do SUS com a mão e o coração, mas não consegue segurar a própria vida.

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“Não dá mais pra trabalhar no limite e ainda ter que implorar pra receber. O dinheiro vem, mas pra onde ele vai? A gente quer só o que é nosso, o que foi prometido e assinado”, denuncia uma técnica de enfermagem que, como muitos colegas, teme represálias por falar publicamente.

Não é só uma questão de salário. É sobre dignidade, reconhecimento, respeito. É sobre garantir que profissionais da saúde não tenham que escolher entre botar comida na mesa ou pagar a condução pra ir trabalhar. É sobre cuidar de quem cuida.


Não é só em Belford Roxo

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O caso de Belford Roxo é sintoma de um problema nacional. Segundo a matéria do portal Brasil61, muitos profissionais da Enfermagem seguem sem receber os valores retroativos, mesmo com os recursos em caixa. A alegação de parte dos municípios é a falta de regulamentação detalhada ou de repasses complementares, mas os dados oficiais mostram outra realidade.


A Confederação Nacional dos Municípios aponta que cabe aos prefeitos “organizarem os pagamentos”. O Ministério da Saúde afirma que a responsabilidade agora é local. No meio disso tudo, quem perde é a categoria que mais segurou as pontas durante a pandemia — e que hoje carrega a saúde pública nas costas.

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De luto, mas não calados


A Enfermagem de Belford Roxo está de luto. Luto por promessas não cumpridas. Por direitos negados. Por vidas que cuidam de outras vidas enquanto as suas são deixadas de lado. Mas não está calada.


Lutar não é escolha, é necessidade.

Lutar é viver.


E essa luta não é só por salário. É por visibilidade. Por respeito.

Por políticas públicas comprometidas com quem mora nas periferias, com quem atende no pronto-socorro da madrugada, com quem vê de perto o sofrimento do povo e não desvia o olhar.

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Enquanto os repasses federais seguem caindo nas contas da prefeitura sem chegar aos profissionais, a gente pergunta de novo:


Onde está o dinheiro da Enfermagem?


Porque quem cuida também adoece.

Quem cura também precisa ser curado.

E ninguém solta o bisturi de ninguém.


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Um apelo pela valorização da Enfermagem de Belford Roxo


Nós, profissionais da Enfermagem do Município de Belford Roxo, viemos a público pedir respeito, dignidade e justiça. Exercemos uma das profissões mais essenciais para a sociedade — cuidamos, acolhemos, salvamos vidas, muitas vezes colocando a nossa própria saúde em risco. Trabalhamos com dedicação, mesmo diante de estruturas precárias, jornadas exaustivas e salários defasados.


Infelizmente, o Complemento Salarial Retroativo da Enfermagem, repassado regularmente e em Dia pela União à Prefeitura de Belford Roxo, NÃO TEM CHEGO EM NOSSAS MÃOS, está há meses atrasado. Já são ao todo 10 parcelas em aberto ao todo.

Desde o início de 2025, nenhum valor destinado a esse Complemento foi pago, mesmo com os repasses federais devidamente realizados e visíveis no sistema InvestSUS.


Exigimos transparência e uma posição oficial do poder público. Não estamos pedindo favores, estamos cobrando um direito legal, fruto de uma luta histórica por valorização. Queremos apenas receber o que é nosso por direito. Queremos viver com dignidade. Queremos continuar cuidando da população sem ter que sofrer pela insegurança financeira todos os meses.


A Enfermagem de Belford Roxo pede socorro.

Estamos de luto, mas não em silêncio.

Lutamos pelo que é justo.



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