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Entrevista Livraria Alecrim



Carlos Douglas Martins: Nos conte um pouco da história da Livraria Alecrim: quem são as pessoas que trabalham no projeto? Como é dirigir uma livraria independente?

Livraria Alecrim: A Alecrim nasceu dentro de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, por uma família que se encontrou sem renda durante a pandemia. E isso não é uma história de superação e nem gostamos de retratar assim, é apenas a realidade de muitas famílias brasileiras que precisaram se virar diante ao desemprego em massa.


Carlos Douglas Martins: Nas redes sociais ficamos sabendo que a livraria é tocada por toda a família. Como é trabalhar juntos? Qual o papel de cada uma?


Livraria Alecrim: Formada por Roberto, Andressa e Carol, a Livraria foi feita de uma mistura de profissões. Beto, livreiro há mais de 10 anos, proporcionou o pontapé inicial de compreendermos o mercado literário. Andressa, produtora cultural e habituada com a área de gestão conseguiu estabelecer a parte burocrática e faz a curadoria dos livros (porque não vendemos livros que não sejam coerentes com o que defendemos). Carol, educadora popular, se aprofundou na comunicação e uniu com a pedagogia para tocar a parte de gerenciamento de redes.


Carlos Douglas Martins: A livraria tem redes sociais atuantes, espacialmente no Instagram, com mensagens críticas, enquetes, informações... Como é ser uma livraria independente? Qual causa vocês defendem e porquê?


Livraria Alecrim: Por enquanto, nós existimos somente online. Nós entendemos que uma livraria independente de esquerda existir em um país tocado por um fascista não é muito seguro. Então aproveitamos o espaço online para unir e criar uma comunidade literária que enxergue o livro como ferramenta de transformação do mundo. E para isso é preciso colocar em pauta tudo o que faz o livro acontecer ou não. Os livros são historicamente queimados, perseguidos, proibidos e agora taxados. Por que não falar disso? O mercado literário vem sendo atacado durante anos, nossas livrarias estão sendo fechadas e cada vez menos pessoas se declaram leitores. Isso não é um problema nosso também? Nosso objetivo é vender livros porque é o que provém da nossa existência, mas que cada livro esteja acompanhado de consciência política e social.

Fazer isso acontecer requer estudo e requer muita mão na massa. Cada postagem que fazemos é estudada, pensada, planejada com muita atenção para que a mensagem seja passada com a honestidade que está em falta na internet. Tudo é feito por nós três, desde a montagem dos brindes até cada interação feita e isso toma muitas horas de trabalho e somos sinceros com a comunidade quando os dias estão corridos.

A gente tem uma relação de muita parceria entre nós. Estamos sempre dividindo nossas tarefas, pensando juntos em cada detalhe para que não percamos o propósito. E o nosso propósito é ambicioso porque ir na contramão do capitalismo é muito difícil. É lutar com milionários e entender que a Alecrim nem sequer existe nessa disputa, mas mesmo assim seguir, se oito mil pessoas foram afetadas até agora já é uma conquista incrível pra nós.

Hoje, com 9 meses de existência, já contamos nossa história, já falamos muito mal do governo, ainda lutamos juntos contra a taxação dos livros e contra a privatização dos Correios, já debatemos sobre o mercado literário, sobre saúde mental... E claro, já falamos muito sobre autores e livros! E isso tudo com muito afeto que nenhuma máquina ou milionário vai proporcionar.


Carlos Douglas Martins: Qual a mensagem que vocês deixam para todas as pessoas que amam os livros e o conhecimento?


Livraria Alecrim: Aos que amam o livro e o conhecimento, é preciso transformar esse amor em prática. De nada vale idéias paradas em uma estante. Circulem seus livros, debata sobre tudo o que gira em torno dele -para além de seus conteúdos-, faça ecoar o que impede a maioria da população de ter acesso aos livros e ao conhecimento. Estaremos juntos nessa!


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