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O preço

Atualizado: 7 de jan. de 2022

Nos cobram que sejamos lindas

Nos cobram que sejamos mães

Nos cobram que sejamos doces

Que cozinhemos bem

Que não nos queixemos

Que mantenhamos a calma

Que não alteremos a voz

Taxam o nosso sexo

E as nossas vontades

Com mil tabus odientos

Precificam nossos corpos

Comprazendo-se das nossas inseguranças

Mas, ao final, quem paga por tudo isso?

Senão nossas dores e angústias?

Quanto custa ser mulher?

Qual é o valor de nossa existência

A verdade é que

Não devemos nada a eles

Não devemos nada à sociedade

Não devemos nada ao Estado

Nada à religião

Tampouco aos filhos, pais ou avôs

Já pagamos com o sangue daquelas que vieram antes de nós

Essa dívida que não nos pertence

Mas que assumimos quando nos quisemos livres

Não nos pesam mais vis encargos obtusos

De absurdas imposições

Assim como nossa natureza, nossa alma está liberta

O único compromisso que ainda nos resta

É de sermos plenas,

Humanas,

Reais,

Falíveis,

Imperfeitas,

O que quisermos e o que não quisermos

Porque, a despeito dos hipócritas, retrógrados e misóginos de toda a sorte

Quem e o que somos é só da nossa conta


Marina Teixeira


Revista Menó, nº. 3/2021 (out/nov/dez).

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